sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


"[...] sentia vontade de chorar, mas não saia lágrima alguma. era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais. [...]"

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Poema: garotas calmas e limpas em vestidos de algodão

tudo o que eu sempre conheci sempre foram putas, ex-prostitutas,
loucas. vejo homens com mulheres calmas e
gentis - vejo-os nos supermercados,
caminhando juntos na rua,
eu os vejo em seus apartamentos: pessoas em
paz, vivendo juntas. sei que essa paz
é apenas parcial, mas
existe paz, muitas horas e dias de paz.


tudo o que eu sempre conheci foram boleteiras, alcoólatras,
putas, ex-prostitutas, loucas.


quando uma vai
outra vem
pior do que sua antecessora.


vejo tantos homens com garotas calmas e limpas em
vestidos de algodão
garotas com rostos que não são de predadoras ou de
feras.


"nunca traga uma puta junto com você," eu digo para meus
poucos amigos, "eu me apaixonarei por ela."


"você não consegue suportar uma boa mulher, Bukowski."


preciso de uma boa mulher. preciso de uma boa mulher
mais do que da máquina de escrever, mais do que do
meu automóvel, mais do que de
Mozart; preciso tanto de uma boa mulher que posso
senti-la no ar, posso senti-la
na ponta dos dedos, posso ver calçadas construídas
para seus pés caminharem,
posso ver travesseiros para sua cabeça,
posso sentir a expectativa da minha risada,
posso vê-la acariciar um gato,
posso vê-la dormir,
posso ver seus chinelos no chão.


eu sei que ela existe
mas em que parte deste planeta ela está
enquanto as putas continuam me encontrando?

domingo, 11 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Poema: O que podemos fazer?

no fundo, há nobreza na Humanidade.
algum entendimento e, às vezes, atos de
coragem.
mas de modo geral, a Humanidade não parece contar com muito disso.
Isso é como um enorme animal dormindo e quase nada pode fazer com que ele desperte.
quando ativado ele é o melhor em brutalidade, egoísmo, julgamentos injustos, assassinatos.
o que podemos fazer em relação a isso, Humanidade?
nada.
evitar a coisa o quanto for possível
tratá-la como algo venenoso e viciante
mas tenha cuidado. leis foram decretadas para
proteger essas disparidades.
isso pode matar você sem uma causa
e para escapar disso você deve ser sutil.
pois poucos escapam.
você tem que traçar um plano.
nunca conheci alguém que escapasse.
conheci alguns grandes e famosos, porém
eles não escaparam, pois eles se tornaram
grandes e famosos seguidos os passos de grande parte
da Humanidade.
eu não escapei, mas eu não falhei em tentar de novo e sempre.
antes de minha morte, espero conseguir ter de volta o meu viver.


Tradução: Alice Alves

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Poema: o fechar de cortinas

o descer das cortinas de um dos mais longos musicais já feitos, algumas pessoas bradam que já assistiram-no uma centena de vezes.
eu o vi na jornal da tv, aquele fechar de cortinas:
flores, lágrimas, gritos, um estrondoso elogio.
eu não vi esse musical
mas tenho certeza que não suportaria ver algo que, com certeza,
me faria adoecer.
creia no que vou te falar, o mundo e suas pessoas com seus
engenhosos espetáculos tem feito pouco por mim, apenas para mim.
deixa-as aproveitar mais um show, isso as deixará
longe de mim e assim, vai aqui meu meu estrondoso
elogio.


Tradução: Alice Dias

sábado, 26 de novembro de 2011

Poema: como uma flor na chuva

cortei a unha do dedo médio
da mão
direita
realmente curta
e comecei a correr o dedo ao longo de sua boceta
enquanto ela se sentava muito ereta na cama
espalhando uma loção por seus braços
face
e seios
depois do banho.
então acendeu um cigarro:
"não deixe que isso o desanime",
e seguiu fumando e esfregando a
loção.
continuei tocando sua boceta.
"quer uma maçã?", perguntei.
"claro", ela disse, "tem uma aí?"
mas eu lhe dei outra coisa...
ela começou a se contorcer
e depois rolou para um lado,
ela estava ficando molhada e aberta
como uma flor na chuva.
então ela se voltou sobre a barriga
e seu cu maravilhoso
olhou para mim
e eu passei minha mão por baixo e
cheguei outra vez na boceta.
ela se espichou e agarrou meu
pau, virando-se e se contorcendo toda,
penetrei-a4meu rosto mergulhado na massa
de cabelos ruivos que se alastrava feito enchente
de sua cabeça
e meu pau intumescido adentrou
o milagre.
mais tarde tiramos sarro da loção
e do cigarro e da maçã.
depois eu saí para comprar um pouco de frango
e camarão e batatas fritas e pão doce
e purê de batatas e molho e
salada de repolho, e nós comemos. ela me disse
quão bem ela se sentia e eu lhe disse
o quão bem eu me sentia e nós comemos
o frango e o camarão e as batatas fritas e o pão doce
e o purê de batatas e o molho e
também a salada de repolho.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


"Não existe nada tão chato como a verdade. É isso que as pessoas querem: mentiras, mentiras maravilhosas."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Poema: quando me penso morto

quando me penso morto
penso em automóveis estacionados
nas vagas

quando me penso morto
penso em panelas de fritura

quando me penso morto
penso em alguém fazendo amor com você
quando não estou por perto

quando me penso morto
respiro com dificuldade

quando me penso morto
penso em todas as pessoas que esperam pela morte

quando me penso morto
penso que nunca mais poderei beber água

quando me penso morto
o ar fica completamente puro

as baratas na minha cozinha
tremem

e alguém terá que jogar
fora minhas cuecas limpas e
sujas


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

Poema: a música suave

a música suave

vence o amor porque nela não há
feridas: pela manhã
a mulher liga o rádio, Brahms ou Ives
ou Stravinsky ou Mozart. ferve os
ovos contando em voz alta os segundos: 56,
57, 58... descansa os ovos, os traz
para mim na cama. depois do café da manhã é
a mesma cadeira e ouvir a música
clássica. A mulher está no seu primeiro copo de
scotch e no seu terceiro cigarro. digo-lhe
que preciso ir ao hipódromo. ela
está aqui há 2 noites e 2 dias. "quando
voltarei a vê-la?" pergunto. ela
sugere que fique a meu critério.
aceno com a cabeça e Mozart toca.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Bukowski no Twitter

@blogbukowski
Atualmente o blog Velho Bukowski é o mais atualizado e rico em material em português. Este é o twitter oficial deste blog. Cada post novo é anuciado lá.


@BukowskiDiz
As frases mais célebres do velho safado são lá postadas. Atualizado quase que diariamente.


@OBukowski
"sei pintar, inclusive. levantar pesos. e a minha filhinha pensa que sou Deus. mas tem outras horas em que não vale a pena."


@BukowskiCitou
'Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura.'

Poema: você

você é uma fera, ela disse
sua enorme barriga branca
e seus pés cabeludos.
você jamais corta as unhas
e tem mãos gordas
como as patas de um gato
seu nariz vermelho e brilhante
e os maiores bagos que
eu já vi.
você lança esperma como
uma baleia lança água pelo
buraco das costas.

fera, fera, fera,
ela me beijou,
o que você quer para o
café da manhã?

Twitter: @blogbukowski

Poema: Sandra

é alta e magra
donzela do quarto
de brincos
coberta por um longo
vestido

está sempre alta
em sapatos de salto
espírito
boletas
trago

Sandra se inclina
em sua cadeira
inclina-se em direção a
Glendale

aguardo que sua cabeça
bata na maçaneta
do guarda-roupa
enquanto ela tenta
acender
um novo cigarro num
outro já quase
consumido

aos 32 ela gosta de
jovens limpos
imaculados
com rostos semelhantes ao fundo
de pires recém-comprados

depois de se vangloriar
a não mais poder
acabou me trazendo seus prêmios
para que eu desse uma olhada:
garotos nulos, loiros e silenciosos
que
a) sentam
b) levantam
c) falam
ao seu comando

às vezes ela traz um
às vezes dois
às vezes três
para que eu os
veja

Sandra fica muito bem em
vestidos longos
Sandra pode partir provavelmente
o coração de um homem

espero que ela encontre
um.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter Blog Bukowski: @blogbukowski

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Poema: a geração perdida

tava lendo um livro sobre uma literata rica
dos anos vinte e seu marido que
beberam, comeram e farrearam por toda a
Europa
encontrando Pound, Picasso, A. Huxley, Lawrence, Joyce,
F. Scott, Hemingway, muitos
outros;
os famosos eram como brinquedinhos preciosos para
eles,
e pelo que li
os famosos se permitiram tornar
brinquedinhos preciosos.
durante o livro inteiro
esperei pra que só um dos famosos
falasse a essa literata rica e seu
marido literato rico pra
que se mandassem
mas, aparentemente, nenhum deles o
fez.
Em vez disso foram fotografados com a moça
e seu marido
em várias praias
com cara de inteligente
como se tudo isso fosse parte do ato
da Arte.
talvez a mulher e o marido
serem donos de uma imprensa chique
tivesse algo a ver
com isso.
e foram todos fotografados juntos
em festas
ou do lado de fora da livraria da Sylvia Beach.
é verdade que muitos deles foram
artistas ótimos e/ou originais,
mas tudo parecia um negócio tão precioso
esnobe,
e o marido finalmente cometeu seu
tão ameaçado suicídio
e a mulher publicou um de meus primeiros
contos nos anos
40 e agora
já morreu, mas
eu não consigo perdoar nenhum dos dois
por suas vidas ricas idiotas
e não consigo perdoar seus brinquedinhos preciosos
também
por terem sido
isso.

Tradução: Adriano Scandolara

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Crazy Love" com entrada franca em Porto Alegre

Charles Bukowski jamais poderia imaginar que uma das mais fiéis adaptações de sua obra para o cinema nasceria das mãos de um diretor belga. Pois foi exatamente o que aconteceu com “Crazy Love”. Realizado em 1987, “Crazy Love” é o primeiro longa-metragem de Dominique Deruddere, diretor que ficou conhecido mundialmente ao ser indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2001, por “Fama para Todos”.

Inspirado em diversos contos de Bukowski, principalmente “A Sereia que Copulava em Veneza, Califórnia”, do livro “Crônica de um amor louco“, a trama se desenrola através de três momentos da vida do trágico e patético personagem Harry Voss e sua incessante busca por amor e aceitação: da adolescência conturbada até um homem amargo e solitário.

Apesar de ser falado em francês, “Crazy Love” é considerado pelos fãs de Bukowski como sendo uma das mais fiéis adaptações do universo de desesperança e degradação criado pelo velho Buk.

Se você estiver em Porto Alegre e ainda não arrumou programa para amanhã à noite, o projeto Filmes Raros da Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro, 3º andar) vai exibir “Crazy Love” nesta sexta-feira, 04 de novembro, às 20 horas com entrada franca! A duração do filme é de 90 minutos.

Abaixo, um trecho do filme para você sentir do clima “Bukowskiano”:

Fonte: L&PM Blog

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Poema: sozinho como todo mundo

a carne cobre os ossos
e colocam uma mente
ali dentro e
algumas vezes uma alma,
e as mulheres quebram
vasos contra as paredes
e os homens bebem
demais
e ninguém encontra o
par ideal
mas seguem na
procura
rastejando para dentro e para fora
dos leitos.
a carne cobre
os ossos e a
carne busca
muito mais do que mera
carne.

de fato, não há qualquer
chance:
estamos todos presos
a um destino
singular.

ninguém nunca encontra
o par ideal.

as lixeiras da cidade se completam
os ferros-velhos se completam
os hospícios se completam
as sepulturas se completam

nada mais
se completa.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Poema: o lugar não parecia mau

ela tinha coxas colossais
e uma risada muito gostosa
ria de qualquer coisa
e as cortinas eram amarelas
e eu gozei
e rolei para o lado
e antes que ela fosse ao banheiro
puxou um pano de baixo
da cama e me jogou.
estava duro
enrijecido pelo esperma de outros
homens.
limpei-me no lençol.

ao retornar
ela se curvou
e pude ver todo seu traseiro
enquanto ela colocava um Mozart
para tocar.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011


"Às vezes a gente pensa que está num asilo de loucos. E de certa forma está."

domingo, 23 de outubro de 2011

Bukowski censurado

Em 1985, a biblioteca pública de Nijmegen decidiu retirar de suas prateleiras o livro de Charles Bukowski, “Tales of Ordinary Madness“, sob a alegação de que o mesmo seria “muito sádico, ocasionalmente fascista e discriminatório contra determinados grupos (incluindo os homossexuais)”.

Algumas semanas depois, um jornalista local, Hans van den Broek, entrou em contato com o autor para saber sua opinião sobre o ocorrido. A (brilhante) resposta de Bukowski, que hoje se encontra em exposição numa loja volante de livros, a Open Dicht Bus, pode ser vista (e lida) abaixo:

bukowski

bukowski

"Caro Hans van den Broek:

Obrigado por sua carta contando-me da remoção de um dos meus livros da biblioteca Nijmegen. E que ele é acusado de discriminação contra negros, homossexuais e mulheres. E que é sádico por causa do seu sadismo.

A única coisa que temo discriminar é o humor e a verdade.

Se eu escrevo mal sobre os negros, homossexuais e mulheres, é por que os que eu conheci eram assim. Há muitos “males” – cães maus, má censura, há até mesmo “maus” homens brancos. Somente quando você escreve sobre “mau”, homens brancos não reclamam. E eu preciso dizer que há “bons” negros, “bons” homossexuais e “boas” mulheres?

No meu trabalho, como escritor, eu só fotografo, em palavras, o que vejo. Se eu escrever sobre “sadismo” é porque ele existe, eu não inventei isso, e se algum ato terrível ocorre no meu trabalho é porque essas coisas acontecem em nossas vidas. Eu não estou do lado do mal, como se o mal fosse algo inerente. Em meus escritos, eu nem sempre concordo com o que ocorre, nem vou me afundar na lama por causa deles. Além disso, é curioso que as pessoas que gritam contra o meu trabalho parecem ignorar as partes dele que enaltecem a alegria, o amor e a esperança, e há essas partes. Meus dias, meus anos, minha vida viu altos e baixos, luzes e trevas. Se eu escrevesse só e continuamente da “luz” e nunca mencionasse o outro, então como artista eu seria um mentiroso.

A censura é a ferramenta daqueles que têm a necessidade de esconder realidades de si mesmos e dos outros. Seu medo é apenas a sua incapacidade de enfrentar o que é real, e eu não posso desabafar minha raiva contra eles. Eu só sinto essa tristeza terrível. Em algum lugar, na sua educação, eles estavam protegidos contra os fatos de nossa existência. Eles só foram ensinados a olhar de um jeito, quando existem muitas maneiras.

Eu não estou desanimado que um dos meus livros tenha sido caçado e retirado das prateleiras de uma biblioteca local. Em certo sentido, sinto-me honrado que eu escrevi algo que despertou essas pessoas de seu eu superficial. Mas fico magoado, sim, quando alguém tem seu livro censurado, pois esse livro, geralmente é um grande livro e há poucos desses, e ao longo dos tempos esse tipo de livro tem muitas vezes se tornado um clássico, e o que se acreditava chocante e imoral é hoje leitura obrigatória em muitas das nossas universidades.

Não estou dizendo que meu livro é um desses, mas eu estou dizendo que em nosso tempo, nesta época em que qualquer momento pode ser a último para muitos de nós, é condenadamente irritante e incrivelmente triste que ainda temos entre nós a pequenez, as pessoas amargas, os caçadores de bruxas e os declamadores contra a realidade. No entanto, estes também pertencem a nós, eles são parte do todo, e se eu não tenho escrito sobre eles, eu deveria, talvez o faça, e isso é suficiente.

que todos nós possamos ficar melhor juntos,
seu,

Charles Bukowski"


Fonte: quadrinhos e etc.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011


"Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável, mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos."

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Poema: alguma coisa

estou sem fósforos.
as molas de meu sofá
estouraram.
roubaram minha maleta.
roubaram minha tela a óleo de
dois olhos rosados.
meu carro quebrou.
lesmas escalam as paredes de meu banheiro.
meu coração está partido.
mas as ações tiveram um dia de alta
no mercado.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Poema: a boa vida

uma casa com 7 ou 8 pessoas
vivendo ali
rachando o aluguel.
há um estéreo nunca utilizado
e um par de bongôs
nunca utilizado
e há panos cobrindo as
janelas
e você fuma
enquanto baratas vivas
escorregam sobre os botões de sua
camisa e despencam no
chão.

está escuro e alguém vai em
busca de comida. você come
e dorme. todos dormem ao mesmo
tempo: no chão, sobre as mesas,
sofás, camas, nas banheiras. há até
mesmo uma pessoa lá fora no mato.

então alguém acorda e
diz, “vamos lá, vamos fechar
um!”

alguns outros acordam.
“opa. é isso aí.”

“beleza. vamos lá, alguém aí
fecha dois. vamos nos
chapar!”

“isso. vamos nos chapar!”

fumamos alguns baseados e depois
voltamos a dormir
trocando apenas de lugar
da banheira para o sofá, da mesa para
o tapete, da cama para o chão, e um novo
sujeito desaba no mato
lá fora, e eles ainda não
encontraram Patty Hearst e Tim não quer
falar com
Alan.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Poema: é o modo como você joga o jogo

chame-a de amor
coloque-a de pé sob a luz
imperfeita
ponha-lhe um vestido
reze cante implore chore ria
apague as luzes
ligue o rádio
acrescente-lhe enfeites:
manteiga, ovos crus, jornais de
ontem;
um cadarço novo, e então
páprica, açúcar, sal, pimenta,
ligue para sua tia velha e bêbada em
Calexico;
chame-a de amor,
espete-a bem, adicione
repolho e molho de maçã,
então a esquente primeiro
no lado esquerdo,
depois no
direito,
ponha-a numa caixa
livre-se dela
deixe-a nos degraus de uma porta
vomitando como você fará
nas
hortênsias.

Poema: aprisionado

no inverno caminhando em meu
teto meus olhos do tamanho de luzes de
poste. tenho quatro patas como um rato mas
lavo minhas roupas íntimas – barbeado e
de ressaca e de pau duro e sem advogado.
tenho cara de esfregão. canto
canções de amor e carrego aço.

preferiria morrer a chorar. Não suporto
a matilha não posso viver sem ela.
inclino minha cabeça contra o refrigerador
branco e quero gritar como
o último lamento de vida para todo sempre mas
sou maior do que as montanhas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Poema: Uma assassina

A consistência é impressionante:
boca fedorenta
podre por dentro e
um corpo quase perfeito,
uma longa e luminosa cabeleira loira -
que confunde a mim
e aos outros

ela segue de homem em homem
oferecendo carícias

ela fala de amor

então submete os homens
à sua vontade

boca fedorenta
podre por dentro

vemos isso tarde demais:
depois que o pau é engolido
o coração vai atrás

sua longa e luminosa cabeleira
seu corpo quase perfeito
caminha pela rua
debaixo do mesmo sol
que banha as flores.

Poema: Ela saiu do banheiro com sua cabeleira ruiva flamejante e disse...

Ela saiu do banheiro com sua cabeleira ruiva flamejante e disse...

Os policiais querem que eu vá até lá e identifique

um cara que tentou me estuprar.
perdi outra vez a chave do meu carro; tenho
a que abre a porta, mas não a que dá a partida na
ignição.
essas pessoas estão tentando tirar minha filha de mim,
mas eu não vou deixar.
Rochelle quase tomou uma overdose, então foi até o
Harry com um bagulho, e ele a pegou de jeito.
ela teve as costelas fissuradas, você sabe,
e uma delas lhe perfurou o pulmão. Ela
está no hospital conectada a uma máquina.

onde está meu pente?
o seu está sempre imundo.

eu lhe disse,
eu não vi o seu
pente.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #15

Opa, sem delongas, o 15º vídeo do Bukowski Tapes.
Neste vídeo ele lê seu famoso poema, 'O Homem ao Piano".



Legendas: @Roaneken
Blog Velho Bukowski

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Poema: sentado numa lancheira

minha filha é a maior
das glórias.
comíamos um lanche
para viagem em meu carro
em Santa Mônica.
eu digo, “ei, filham
minha vida tem sido
boa, tão boa”.
ela me olha.
baixo minha cabeça
contra o volante,
tremo, depois
abro a porta de supetão,
finjo
vomitar.
me endireito.
ela ri
mordendo eu
sanduíche.
pego quatro
batatas fritas
coloco-as em minha boca,
mastigo-as.
são 5h30 da tarde
e os carros passam voando por nós
pra lá e pra cá.
lanço um olhar furtivo:
tivemos toda a sorte de que precisamos:
seus olhos brilham
enquanto o dia
cai, e ela está
sorrindo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #14

Opa, opa... blog voltando com seus posts normalmente.

Segue o 14º vídeo legendado do Charles Bukowski Tapes.



Quero agradecer a todos que estão seguindo e/ou comentando.

Abraços.

"Não dispa o meu amor, você pode encontrar um manequim. Não dispa um manequim você, pode encontrar o meu amor."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011


"Eu estou velho quando a moda é ser jovem. Eu choro quando sorrir está na moda."

Poema: isto então...

é o mesmo que antes
ou que da outra vez
ou da vez anterior a essa.
eis um pau
e eis uma boceta
e eis um problema.

e cada vez
você pensa
bem eu aprendi desta vez:
vou dizer a ela que faça isso
e eu farei isto,
já não quero a coisa toda,
só um pouco de conforto
e um pouco de sexo
e apenas um mínimo de
amor.

agora novamente espero
e os anos vão escasseando.
tenho meu rádio
e as paredes da cozinha
são amarelas.
sigo esvaziando as garrafas
à espera
dos passos.

espero que a morte reserve
menos do que isto.


Blog Velho Bukowski
@Roaneken

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Vídeo: 'A Tragédia das Folhas'



A Tragédia das Folhas
The Tragedy of the Leaves

acordei numa secura e as samambaias, mortas,
I awakened to dryness and the ferns were dead,
nos potes as plantas amarelas igual milho;
the potted plants yellow as corn;
minha mulher foi embora
my woman was gone
e as garrafas vazias iguais corpos sangrados
and the empty bottles like bled corpses
ao meu redor sem utilidade;
surrounded me with their uselessness;
o sol ainda era bom, apesar disso,
the sun was still good, though,
e o bilhete da senhoria ia bem e
and my landlady's note cracked in fine and
num tom amarelado sem demandas;
undemanding yellowness;
o que era preciso agora
what was needed now
era um bom comediante, estilo antigo, um bobo
was a good comedian, ancient style, a jester
com piadas sobre a dor absurda; a dor é absurda
with jokes upon absurd pain; pain is absurd
porque existe, nada mais;
because it exists, nothing more;
fiz a barba cuidadosamente com
I shaved carefully with
uma velha lâmina,
an old razor,
o homem que já foi jovem e
the man who had once been young and
que diziam ser genial; mas
said to have genius; but
essa é a tragédia das folhas,
that's the tragedy of the leaves,
das samambaias mortas,
the dead ferns,
das plantas mortas;
the dead plants;
e eu entrei num corredor escuro
and I walked into a dark hall
onde a senhoria de pé esperava,
where the landlady stood
malcriada e terminal,
execrating and final,
me mandando pro inferno,
sending me to hell,
balançando seus braços gordos e suados
waving her fat, sweaty arms
e gritando
and screaming
gritando para receber o aluguel
screaming for rent
por que o mundo havia falhado com nós
because the world has failed us
dois
both

Charles Bukowski Tapes - Número #13

Acabei de legendar mais uma parte da série Bukowski Tapes. Nesse vídeo o velho lê um antigo poema seu --- A Tragédia das Folhas. A tradução do poema ficou por conta de Leonardo de Magalhaens.



Abraços. Não esqueçam de seguir o blog.

domingo, 11 de setembro de 2011

Poema: o jeito que isso é

o inferno está lotado ainda
você sempre pensa que você está
sozinho.

e você nunca pode dizer
a ninguém que
você está no inferno
ou eles vão pensar
que você está
louco.

mas ser louco é
estar no inferno
e ser sensato
também.

aqueles que escapam do inferno
nunca falam sobre
isso
e nada mais
incomoda eles
depois
disso.
Quero dizer, coisas como
falta de uma refeição,
ir para a cadeia,
bater seu carro
ou
mesmo
morrer.

quando você perguntar-lhes,
"como as coisas estão
indo? "
eles vão responder: "bem,
muito bem ... "

uma vez que você foi para o inferno
e voltou
é o bastante, é a
mais silenciosa celebração
conhecida.

uma vez que você foi para o inferno
e voltou,
você não olha para trás
quando o chão
range.
o sol está no alto a
meia-noite

e coisas como
os olhos de ratos
ou um velho pneu
em um terreno baldio
pode torná-lo
feliz.

uma vez que você foi para o inferno
e voltou.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #11

Salve, salve. Demorou, mas saiu. Taí a 11ª pequena entrevista do Bukowski Tapes. Tudo legendado em portuga.



Abraços.

Poema: Dormir

ela era uma daquelas pequenas
estava gorda, mas antes era
bela e
vinho, ela bebia
bebia vinho na cama
falando, gritando e me
amaldiçoando
eu me virava para ela e dizia
por favor, me deixe
dormir.
— dormir? dormir? sim seu
filho da puta, sim, você nunca dorme,
você não precisa de
dormir!
enterrei-a numa certa manhã
carreguei-a pelas montanhas de Hollywood
arbustos, coelhos e pedras
passando em minha frente
cavei um buraco
enterrei-a de barriga
para baixo
e
coloquei a sujeira de volta no carro
o sol já havia nascido
um calor
estava me invadindo
as moscas zanzando preguiçosamente
eu não conseguia enxergar um palmo
sequer em
minha frente
tudo estava
amarelo e quente.
dirigi de volta para casa e me joguei na cama
dormi por 5 dias e 4
noites.

Tradução: Alice Dias

sábado, 3 de setembro de 2011

Chinaski - a escultura de Bukowski

Sabemos que Bukowski escreveu dezenas de livros, pintou dezenas de telas, e até encontramos alguns de seus desenhos pela internet, mas será que dava pra imaginar que ele também se arriscou na escultura?

Pois bem, procrastinando na internet, encontrei uma escultura feita pelas mãos do próprio velho.

Essa imagem foi encontrada aqui. Parece uma espécie de exposição, e o dono das fotografias não disponibilizou nenhuma informação sobre as benditas, logo, não sei onde se encontram estas esculturas.

A arte foi entitulada como "Chinaski" --- podemos entender como o velho enxergava seu alter ego...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Linda King - 'Lydia Vance'

Todos que leram o magnífico livro “Mulheres”, do velho, tiveram o prazer (ou não) de conhecer a personagem Lydia Vance, uma mulher loucamente ciumenta e que acabou virando um dos grandes amores de Bukowski.

Como sabemos a obra de Bukowski é altamente autobiográfica, e é de se esperar que a, tão marcante, personagem Lydia Vance provavelmente tivesse sido baseada numa mulher real. Pois foi bem isso que aconteceu. Lydia Vance é uma personagem baseada na poetisa americana Linda King.

Linda King é uma poeta, dramaturga, e artista trabalhando em pinturas e esculturas. Foi imortalizada na poesia e na prosa de seu ex-amor Charles Bukowski. Durante a década de 1970, King editou a pequena revista Purr.

Nascida em 1940, ela foi criada em Boulder, Utah. Ela se divorciou após 10 anos de casamento com um italiano que tinha perspectivas tradicionais. Tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Ela foi atriz antes de tornar-se escultora e poeta. Se os escritos de Bukowski possuírem veracidade, Linda King tinha um enorme ego e um surpreendente dom para dramatização.


Relacionamento com Bukowski

Em 1970, logo após o término do seu casamento, ela conheceu o velho Bukowski, e se ofereceu para fazer uma escultura de sua cabeça. Ele aceitou sua oferta e logo tiveram um caso. (O casal se separou várias vezes, e cada vez que eles terminavam, Bukowski deixava o busto na frente da casa de Linda.)

Ela tinha 30 anos e Bukowski era 20 anos mais velho que ela quando começaram sua relação. O relacionamento deles era apaixonado e trubulento; numa ocasião em 1971, Bukowski quebrou seu nariz numa briga. Certa noite, King e Bukowski foram acomodados no apartamento City Lights, em San Francisco, após uma leitura no City Lights Poets Theater. Pela manhã, havia uma janela quebrada e Linda King tinha desaparecido; Bukowski a culpava pelo dano.

Eles se separaram após três anos, quando certa noite, King jogou a máquina de escrever e os livros de Bukowski no meio da rua, irritada com as infidelidades dele. O incidente é detalhado no romance ‘Mulheres’.

Em 1975 ela finalmente deixou Los Angeles e Bukowski e foi para Phoenix, por causa do que ela descreveu como “um entendido colapso nervoso”.

No livro Mulheres, Bukowski caracterizou Linda King como extremamente competitiva e castigada pela sua crescente fama.


Após Bukowski

Ela se casou novamente e teve um segundo garoto, porém o casamento terminou em divórcio. Vendeu suas esculturas e alguns de seus poemas foram publicados.

Em 2004, a galeria de arte The Paper Heart apresentou suas pinturas, bustos e poemas, juntamente com documentários sobre Bukowski, em um show, Friends and Foes of Charles Bukowski.

Em 2009, ela vendeu 60 cartas de amor escritas por Bukowski por 69 mil dólares num leilão na galeria San Francisco PBA Galleries. Nesse mesmo ano, a fim de estar mais próxima de seus netos, ela se mudou de Phoenix para um apartamento em San Fransisco. Em setembro de 2009, ela foi uma dos três poetas na apresentação Tales of Bukowski.

Além da cabeça de Bukowski, King também esculpiu bustos de Lawrence Ferlinghetti, Jack Micheline, Harold Norse, e A.D. Winans.

Recentemente, uma das peças que escreveu (Singing Bullets) foi encenada no instituto Phoenix Metro Arts Institute.

Se você estiver interessado, pode conhecer mais sobre Linda King visitando seu site oficial: http://www.lindakingarts.com/

Texto: Rafael Roan

Blog Velho Bukowski

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #10

O décimo pequeno vídeo da série "Charles Bukowski Tapes". Neste vídeo, o velho fala sobre o que acha das drogas. Eu, pessoalmente, me surpreendi, pois no livro 'Mulheres' ele fala sobre fumar maconha diversas vezes.



Vídeo legendado em português.

Legendas: @Roaneken

Se você quer ter algum vídeo legendado (se for música, tem que ser boa, hehe) me envie um email - roanrafael@gmail.com

Abraços.

brincos enormes (com manuscrito)

saio para buscá-la.
ela está em alguma missão.
ela está sempre cheia de missões
muitas coisas pra fazer.
nunca tenho nada pra fazer.

ela sai de seu apartamento
vejo-a se aproximar do meu carro

ela vem descalça
vestida de modo casual
exceto pelos enormes brincos.

acendo um cigarro
e quando ergo os olhos
ela está estirada no meio da rua

uma rua bastante movimentada

todos os seus 50 quilos
tão magníficod quanto qualquer coisa que você possa
imaginar.

ligo o rádio
e espero ela se levantar.

ela o faz.

abro a porta do carro.
ela entra. afasto-me do cordão da
calçada. ela gosta da canção que toca na rádio
e aumenta o volume.

ela parece gostar de todas as canções
ela parece conhecer todas as canções

cada vez que a vejo ela parece ainda
melhor

200 anos atrás eles a teriam queimado
em um poste

agora ela passa seu
rimel enquato nosso
carro segue adiante.


Tradução: Pedro Gonzaga
Blog Velho Bukowski: @Roaneken

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #9

Opa, depois de um fim de semana sem posts, volto com o nono vídeo da série "Charles Bukowski Tapes".



Neste vídeo Bukowski nos apresenta Hollywood e Western num passeio a carro. Assistam, divulguem, gostem, curtam, se escrevam no canal, ou não façam nada babies, eu não ligo ;)

Abraços marujos, até o próximo.

Poema: Um desafio à escuridão

atire no no olho
atire no cérebro
atire no cu
atire como uma flor numa dança

fantástico como a morte ganha tão facilmente
fantástico como muito crédito é dado para formas de vida idiotas

fantástico como a risada tem sido silenciada.
fantástico como a crueldade tem sido constantemente propagada.
preciso logo declarar minha guerra à guerra deles
preciso segurar meu pedaço de chão
preciso proteger o pequeno lugar onde fiz que minha vida foça permitida

minha vida não à morte deles
minha morte não à morte deles…

Tradução: Alice Dias
Blog Velho Bukowski

sábado, 27 de agosto de 2011


"Dinheiro é como sexo - Parece muito mais importante quando a gente não tem..."

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - Número #6

Opa, tá aí --- a 6ª entrevista. Esse é o famoso vídeo em que o velho briga com Linda Lee.



Como sempre, dois errinhos na legenda, que só fui reparar depois de renderizado o vídeo, mas vocês entendem...

Legendas: Rafael Roan
Contato: roanrafael@gmail.com

Outros vídeos: http://www.youtube.com/user/roaneken

segunda-feira, 22 de agosto de 2011


"nenhum rabo no mundo vale mais do que 50 pratas"

Bukowski e Sean Penn



'Na Noite Em Que Eu ia Morrer' (animação)

Por agora trago uma pequena animação baseada no poema The Night I was going to Die, do velho.



Direção: Dermoc Mac Cormack
Narração: David Robson
Animação: Zakaria Elkouhen

Legendas: Rafael Roan
Blog Velho Bukowski

domingo, 21 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - #5

Opa, tudo ok pessoal? Tá aí, mais uma das 52 entrevistas do Bukowski Tapes. Legendado em portuga :)



Contato: @Roaneken | roanrafael@gmail.com
Outros vídeos: http://www.youtube.com/user/roaneken

Bukowski e Linda King





sábado, 20 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - #4

Demorou mais saiu. Taí a quarta entrevista.



Até breve.

Assista outros vídeos aqui.

Poema: Pacific Telephone (com manuscrito)

vá atrás dessas piranhas, ela disse,
vá atrás dessas putas,
logo ficará de saco cheio de mim.

não quero mais fazer esse tipo de merda,
eu disse,
relaxe.

quando bebo, ela disse, sinto dor na minha
bexiga, uma queimação.

deixe a bebida comigo, eu disse.

você está só esperando o telefone tocar,
ela disse,
você não para de olhar pro aparelho.
se uma dessas piranhas ligar você sairá
correndo porta afora.

não posso lhe prometer nada, eu disse.

então - simples assim - o telefone tocou.

aqui é a Madge, disse a voz. preciso
ver você imediatamente.

oh, eu disse.

estou num aperto, ela continuou, preciso de dez
pratas - rápido.

logo estarei aí, eu disse, e
desliguei.

ela me olhou, era uma piranha,
ela disse, o rosto todo em chamas.
que diabos há com você?

escute, eu disse, tenho que ir.
você fica aqui. já volto.

vou embora, ela disse. eu te amo mas você é
louco, um caso perdido.

ela apanhou a bolsa e bateu a porta.

provavelmente é algum disturbio profundamente enraizado
[na
infância
que me faz assim vulnerável, pensei.
então saí de casa e fui até meu fusca.
dirigi para o norte pela Western com o rádio ligado.
havia putas caminhando pra lá e pra cá
dos dois lados da rua e Madge parecia
mais perdida do que qualquer uma delas.



Tradução: Pedro Gonzaga
Manuscritos: Bukowski.net
Blog Velho Bukowski

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Charles Bukowski Tapes - #2

Bem pessoal, legendei a segunda entrevista aqui rapidinho. Quando converti a legenda ficou piscando de novo, daí mudei o formato da legenda, e parou de piscar. O problema agora é que não consigo formatá-la, mas isso é o de menos.



Então, é isso ;D

Legendas: @Roaneken

Poema: velho limpo

daqui a
uma semana farei
55.

sobre o que
escreverei
quando ele não
levantar mais
pela manhã?

meus críticos
vão adorar
quando a minha diversão
passar a ser
tartarugas
e estrelas-do-mar.

chegarão inclusive a
dizer
coisas boas sobre
mim

como se eu tivesse
finalmente
alcançado a
razão.

Tradução: Pedro Ganzaga
Blog Velho Bukowski: @Roaneken

"Dedicação sem talento é inútil."

Charles Bukowski Tapes - #1

Feito por Barbet Schroeder enquanto tentava levantar dinheiro para a realização de Barfly, esse documentário traz Bukowski falando diretamente para a câmera sobre sua vida e obra. Divide-se em cinquenta e duas sequências curtas, a maioria filmada na casa do escritor em San Pedro, na Califórnia, mas também tem tomadas de Bukowski andando pelos lugares que costumava frequentar em East Hollywood e voltando à casa onde crescera, na Avenida Longwood.

Pois é, decidi legendar essa bagaça. Aos poucos, um dia de cada vez... sabem, igual quando tenta largar o cigarro... de vagar em sempre.

Fiquem com a primeira pequena entrevista.



E o lance é o seguinte: Eu , absolutamente, NÃO sei porque a maldita legenda está piscando. Já é o segundo vídeo em que isso acontece (e é irritante demais). Os próximos vídeos eu vou tentar renderizar sem deixar nenhum outro trabalho realizando no computador... se prestar bem, se não, amém.

É isso. Abraços.

Sigam - @Roaneken
Sugestões, pedidos, contribuições, enviem email para roanrafael@gmail.com

barata - Manuscrito




Manuscrito do poema 'barata'. Você pode acompanhar o poema clicando aqui

O Coração Risonho (The Laughing Heart)

Pessoal, no momento trago uma animação baseada no poema 'The Laughing Heart'. A narração ficou por conta de Tom Waits e a animação em si por conta de Bradley Bell. Você pode acompanhar o vídeo com o poema, que colocarei logo abaixo do vídeo. Eu, pessoalmente, acho esse poema incrível.



Sua vida é sua vida
your life is your life

Não deixe que ela seja esmagada na fria submissão.
don’t let it be clubbed into dank submission.

Esteja atento.
be on the watch.

Existem outros caminhos.
there are ways out.

E em algum lugar, ainda existe luz.
there is a light somewhere.

Pode não ser muita luz, mas
it may not be much light but

ela vence a escuridão.
it beats the darkness.

Esteja atento.
be on the watch.

Os deuses vão lhe oferecer oportunidades.
the gods will offer you chances.

Reconheça-as.
know them.

Agarre-as.
take them.

Você não pode vencer a morte,
you can’t beat death but

mas você pode vencer a morte durante a vida, ás vezes.
you can beat death in life, sometimes.

E quanto mais você aprender a fazer isso,
and the more often you learn to do it,

mais luz vai existir.
the more light there will be.

Sua vida é sua vida.
your life is your life.

Conheça-a enquanto ela ainda é sua.
know it while you have it.

Você é maravilhoso.
you are marvelous

Os deuses esperam para se deliciar
the gods wait to delight

em você.
in you.


É isso. Abraços.

Blog Velho Bukowski - @Roaneken

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Divulgada a capa de "Cartas na Rua"

Há alguns meses a editora L&PM Pocket lançou 'Mulheres' do Buk, que estava praticamente extinto desde os anos 80. Daí então os downloads do livro foram aumentando e aumentado, enlouquecidamente, porém, o e-book disponível na internet estava traduzido em português de Portugal. Era até engraçado ler cona, rata, gata, hehe.
Enfim, a tradução desta nova versão de 'Mulheres' ficou por conta de Reinaldo Moraes que fez um ótimo trabalho.

Foi divulgado mês passado que a L&PM Pocket também relançaria "Cartas na Rua" (Post Office), o primeiro romance do velho. Este livro está na mesma situação que o 'Mulheres' estava um tempo atrás: e-book com linguagem estranha, e vendedores de livros usados cobrando o olho da cara.

Alguns minutos atrás foi divulgado no twitter a nova capa de "Cartas na Rua", que pode ser acompanhada logo abaixo.


Se seguir com a mesma qualidade de "Mulheres" podemos ter certeza que sairá um livro ótimo. Mas, creio eu, que já podemos esperar um ótimo trabalho - a L&PM Pocket tem vários livros do Buk à venda, e até hoje não me arrependi da compra de nenhum.

Agora é só esperar.

Blog Velho Bukowski - @Roaneken

Linha do Tempo: Toda a vida de Bukowski em uma tabela


Olá povo, a partir do site Bukowski.net, traduzi a linha do tempo do Bukowski. Resultou numa tabela de 19 páginas que contem todos os eventos importantes da vida dele, suas leituras, suas publicações, seus endereços, e até mesmo seus pequenos empregos.

Faça o download do .pdf e confira!

Opção 1: MediaFire
Opção 2: Uploading

Isso aí. Que bacana.

@Roaneken

"[...] permitindo a idiotice entrar de novo, somos todos idiotas para sempre idiotizados para sempre. alegremente. agora."

Poema: esta noite (com manuscrito)

“seus poemas sobre as garotas ainda estão por aí
daqui a 50 anos quando as garotas já tiverem ido”,
meu editor me telefona.

caro editor:
parece que as garotas já se
foram.

entendo o que o senhor diz

mas me dê uma mulher verdadeiramente viva
nesta noite
cruzando o piso na minha direção

e o senhor pode ficar com todos os poemas

os bons
os maus
ou qualquer outra que eu venha a escrever
depois deste.

entendo o que o senhor diz.

o senhor entende o que eu digo?”


Tradução: Pedro Gonzaga
Blog Velho Bukowski: @Roaneken

Curta: Bluebird

Por hora trago uma curta metragem gringa baseada no poema 'Bluebird'.

Poucas filmagens baseadas na obra do Bukowski ficam de fato boas, mas, como tento colocar qualquer coisa relacionada ao velho aqui, tenho de postar certas coisas.



Abraços.

Rafael Roan - @Roaneken

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Um brinde ao aniversário do velho

Há exatamente 91 anos, nascia na Alemanha alguém que um dia traria ao mundo a mais pura essência duma arte simples, honesta, forte e suja. Pois é. Mais um 16 de agosto, dia do aniversário do velho Bukowski, que se vivo fosse, estaria completando 91 anos.

Henry Charles Bukowski Jr mudou-se com sua família para os Estados Unidos em 1923, onde viveu no subúrbio de Los Angeles. Seu pai era um soldado americano frustrado, que descontava seus problemas em "seções regulares de espancamento" (como narra Bukowski no romance 'Misto Quente').

O velho Bukowski, enquanto jovem Bukowski, também tinha problemas no meio social - possuía um grave caso de acne, o que fazia com que seus colegas de colégio o humilhassem.

Com problemas em casa, problemas na escola, Hank encontrou conforto no álcool e na literatura. Em seu romance 'Misto Quente' ele relata que ficava na biblioteca por horas, lendo principalmente John Fante e Hemingway. Até que certo dia escreveu um conto sobre um piloto da Segunda Guerra Mundial (conto este que seu pai jogou fora, na rua).

Bukowski saiu da casa dos pais, e passou sua vida trocando de pequenos empregos, sempre sustentado pela sua arte e pela bebida. Sua escrita era simples, forte e direta. Um tapa na cara, dizia a verdade que poucos queriam ouvir. Seu trabalho demorou a ser reconhecido, tendo seu primeiro livro publicado apenas em 1955.

Daí pra frente, Bukowski virou um astro de rock no mundo literário. Conheceu Madonna, Bono Vox, Tom Waits, Sean Penn entre tantos outros. Sua obra literária ganhou diversas adaptações no cinema e seu estilo de vida miserável mudou totalmente (em 'O Capitão Saiu Para o almoço...' ele narra seus longos banhos em sua Jacuzzi).



Muitos escritores seguiram seu estilo de escrita direto e sujo. Seu romance 'Mulheres' inspirou a criação da série de sucesso 'Californication', que narra a história de Hank (coincidência?), um escritor beberrão que vive cercado de mulheres.



Bukowski se foi por causa da leucemia, aos 73 anos, mas sua obra sempre estará presente, inspirando novas séries, novos escritores, novos filmes e quem sabe, novos beberrões. Um brinde ao velho.

Poema: comunhão (com manuscrito)

cavalos correndo
com ela a milhas de distância
rindo com um
louco

Bach e a bomba de hidrogênio
e ela a milhas de distância
rindo com um
louco

o sistema bancário
guinchos de carro
gôndolas em Veneza
e ela a milhas de distância
rindo com um
louco

você nunca viu de fato
uma escada antes
(cada degrau olhando
separadamente para você)
e do lado de fora
o vendedor de jornais parecendo
imortal
enquanto os carros passam
debaixo do sol
com um inimigo
e você se pergunta
por que é tão difícil
enlouquecer-
se é que você já não está
louco
até agora
você não tinha visto uma
escada que se parecesse com
uma escada
uma maçaneta que se parecesse com
uma maçaneta
e sons como esses sons

e quando a aranha aparece
e olha você
por fim
você já não odeia
por fim
com ela a milhas de distância
rindo com um
louco.



Blog Velho Bukowski - @Roaneken

Vídeo: 'Para a puta que levou meus poemas'

Bom dia, todos.

Fiquem com o vídeo em que Bukowski recita seu poema 'Para a puta que levou meus poemas'. Segue:



Legendado por Rafael Roan --- @Roaneken

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Vídeo: Making of do filme 'Barfly'

Olá pessoal, após um longo trabalho de tradução, sincronização, renderização e upload, finalmente consegui terminar o vídeo do Making of de Barfly. Agradeço todo o pessoal do forum do site Bukowski.net , em especial o membro "hank solo" que me ajudou com as legendas em inglês. Um brinde a eles.



É isso pessoal. Abraços.


Rafael Roan - @Roaneken

Poema: Poema para meu quadragésimo terceiro aniversário

acabar solitário
na sepultura dum quarto
sem cigarro
ou vinho
apenas uma
lâmpada
e uma pança
cinza e peluda
e
feliz
por estar numa espelunca.
… pela manhã
eles estão lá fora
ganhando grana:
juízes, carpinteiros
encanadores, doutores
jornalistas, policiais,
barbeiros, lavadores de carro,
dentistas, floristas,
garçonetes, cozinheiros,
taxistas…
e você
se vira para o lado
para que o sol que vai de encontro
aos seus olhos
seja desviado
para que você sinta a luz solar
nas suas costas repousar.

domingo, 14 de agosto de 2011


"Às vezes eu me canso de pensar em todas as coisas que eu não quero fazer, todas as coisas que eu não quero ser." - Henry, em Barfly

Poema de Bukowski no novo comercial da Levi´s

O novo filme da Levi´s, “Siga Adiante”, foi inspirado no poema“ The Laughing Heart”, do romancista norte-americano Charles Bukowski, e tem como argumento principal, "o grito de guerra da juventude" e todo o otimismo carregado na esperança de se "viver a sua vida" e ir em busca de mudanças. Um filme realmente emotivo.

A criação é da agência Wieden+Kennedy, e foi desenvolvida pelo fotógrafo alemão Ralf Schmenberg, que escolheu locações como: Berlim e o Mar Báltico. A campanha também teve como complemento, a ong Water.org, que tem o objetivo de levantar água potável para 8.000 pessoas.

Independente das locações e do belo filme, só a iniciativa de se basear em um poema de Charles Bukowski, para "passar o recado", já é algo realmente diferente e pertinente para o segmento e target em questão.

Assistam. É realmente um belo filme.




Fonte: http://www.jogaojob.com.br/2011/08/poema-de-bukowski-no-novo-comercial-da.html

sábado, 13 de agosto de 2011

Vídeo: 'Os últimos dias do garoto suicida'

Hoje eu trago pra vocês um vídeo com Bukowski recitando "Os últimos dias do garoto suicida".



A música ao fundo deixa tudo, muito melhor.


Blog Velho Bukowski: @Roaneken

Poema: depois da leitura: (com manuscrito)


"... já vi pessoas em frente a
suas máquinas de escrever em tal aperto
que faria com que seus intestinos explodissem
cu afora se estivessem
tentando cagar."

"ah hahaha hahaha!"

"...é uma vergonha trabalhar assim
tão pesado só para escrever."

"ah hahaha hahaha!"

"a ambição raramente tem alguma coisa
a ver com o talento. é melhor ter sorte, e
deixar o talento vir manquejando logo
atrás da sorte."

"a haha."

ele se levantou e deixou o lugar com uma virgem de 18 anos,
a mais linda estudante entre
todas.
fechei meu bloquinho
me ergui e manquejei
logo atrás dos
dois.

Poema: A retirada

este momento acabou comigo.
sinto-me como as tropas alemãs
batidas pela neve e pelos comunistas
andando inclinado
com jornais enfiados
em rotos sapatos.
meu empenho é dificilmente terrível
talvez mais que difícil.
a vitória estava tão perto
a vitória estava lá.
como se estivesse estacada em frente ao meu espelho
mais jovem e mais bela
que qualquer donzela
que já vi
combinando jardas e jardas de cabelos fogosos
enquanto na direção dela eu mirava meus olhos.
e quando ela para a cama veio
estava mais bonita que nunca
e o amor foi muito muito bom.
onze meses
agora ela se foi
partiu como chegou.

este momento acabou comigo.
é uma longa estrada que leva de volta
de volta pra onde?
o cara à minha frente
cai.
nele piso.
ela também o pegou?


Tradução: Alice Dias
Blog Velho Bukowski: @Roaneken

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