quarta-feira, 8 de julho de 2015

Para Jane

Lindos e dolorosos poemas do Velho para Jane Cooney  Baker após sua morte.



"To Jane Cooney Baker, died 1-22-62"

e então você se foi
me deixando aqui
num quarto com uma cortina rasgada
e o Idílio de Siegfried tocando no radinho vermelho.
e então você se foi tão rápido
quanto quando você veio pra mim, 
e nós tínhamos dito adeus antes,
e quando eu estava limpando seu rosto e lábios
você abriu os maiores olhos que eu já tinha visto
e disse “Eu devia saber
que era você”
você conseguiu ver
mas não por muito tempo
e um homem velho com pernas brancas e finas
na cama ao lado
dizia, “Eu não quero morrer,”
e seu sangue veio de novo
e eu o aparei com as mãos em concha
tudo o que ficou
das noites e dos dias também,
e o homem velho ainda estava vivo
mas você não estava
nós não estamos.
e você foi como você veio,
você me deixou tão rápido
você já tinha me deixado várias vezes antes
quando eu pensava que isso me mataria
mas não
e você sempre voltava.
agora eu desliguei o rádio vermelho
e alguém no apartamento ao lado bate uma porta
a sentença final: eu não vou te encontrar na rua
o telefone não vai tocar, e nenhum movimento vai
me deixar em paz.
não basta que haja várias mortes
e que esta não seja a primeira;
não basta que eu viva mais muitos dias,
talvez até muitos anos.
não basta.
o telefone é como um bicho morto que
não vai falar. E quando falar de novo será
sempre a voz errada agora.
antes eu esperava e você sempre entrava 
porta adentro. agora você vai esperar por mim.




PARA JANE: COM TODO O AMOR QUE EU TINHA,
O QUE NÃO FOI SUFICIENTE: -
eu cato a saia,
eu cato o colar preto
brilhante,
essa coisa que um dia se moveu
ao redor da carne,
e eu chamo Deus de mentiroso,
eu digo que qualquer coisa que se movesse
como aquilo
ou soubesse
meu nome
jamais poderia morrer
na verdade vulgar da morte,
e eu cato
o seu vestido
encantador,
todo o encanto dela se foi,
e eu digo
a todos os deuses,
deuses judeus, deuses cristãos,
lascas de coisas que brilham,
ídolos, pílulas, pão,
compreensões, riscos,
sábia renúncia,
ratos já no lucro desses dois que enlouqueceram totalmente
sem uma possibilidade,
sabedoria de beija-flor, possibilidade de beija-flor,
eu me apoio nisso,
eu me apoio em tudo isso
e eu sei:
seu vestido sobre o meu braço:
mas
eles não vão
trazê-la de volta pra mim.



“Elogio a uma nobre mulher dos infernos”

alguns cachorros quando dormem à noite

devem sonhar com ossos
eu me lembro dos seus ossos
na sua carne
ficavam ótimos
naquele vestido verde escuro
naquele seu salto-alto turvo,
e voce sempre me amaldiçoava quando bebia
seu cabelo para baixo escorria
enquanto você parecia que explodia
mas o que te segurava:
podres memórias
dum
podre
passado,
e quando
você morreu
deixou meu presente
roto
e desde que partiu
da minha mente
há 28 anos
não saiu.
você era a única
que entendia
a futilidade
dos preparativos
da vida;
todos os outros estavam apenas
descontentes
com suas triviais existências
reclamando
sem sentido
sobre o
que não faz
sentido;
Jane, você foi
assassinada por
saber demais
aqui vai um brinde
ao seu esqueleto
que
dos sonhos
deste cachorro
fazem parte
por inteiro.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Últimos livros do Bukowski!


Agora é oficial! Adquirimos outra remessa dos livros da editora Spectro. 

Fiquem ligados, pois adquirimos os ÚLTIMOS EXEMPLARES do título "Hino da Tormenta" disponíveis na editora. Assim, quem quiser ser avisado em primeira mão quando os livros estiverem disponíveis para venda, deixem o email nos comentários ou em velhobukowski@gmail.com 



Foto da leitora Brendha Cardoso

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Charles Bukowski Tapes #30

Isso mesmo, não é miragem: novo tape legendado do Bukão!

Neste, ele comenta sobre as dificuldades do início. Curtam e compartilhem ;)



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Visite a loja da Highway, com várias peitas do velho, AQUI.

E, abraço.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Baby

"- Baby - eu disse -, sou um gênio, mas ninguém além de mim sabe disso."


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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Uma palavrinha sobre os 'Escrevinhadores de Poemas Rápidos e Modernos'.


É Muito fácil parecer moderno
Enquanto se é na realidade o maior idiota jamais nascido;
Eu sei: eu joguei fora um material horrível
Mas não tão horrível como o que leio nas revistas;
Eu tenho uma honestidade interior nascida de putas e hospitais
Que não me deixará fingir que sou
Uma coisa que eu não sou -
O que seria um duplo fracasso: o fracasso de uma pessoa
na poesia
e o fracasso de uma pessoa
na vida.
E quando você falha na poesia
Você erra a vida,
E quando você falha na vida
Você nunca nasceu
Não importa o que digam as estatísticas
Nem qual o nome que sua mãe lhe deu.
As arquibancadas estão cheias de mortos
aclamando um vencedor
Esperando um número que os carregue de volta para a vida,
Mas não é tão fácil assim -
Tal como no poema
Se você está morto
Você podia também ser enterrado
E jogar fora a máquina de escrever
E parar de se enganar com
Poemas
Cavalos
Mulheres
A vida:
Você está entulhando
A saída -
Portanto saia logo
E desista das
Poucas preciosas
Páginas.

"Os 25 Melhores Poemas-pag.29"

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Chuveiro

Gostamos de um banho depois da
função (gosto da água mais quente do que ela) e seu rosto está sempre suave e pacífico e ela me lavará primeiro espalhará sabonete sobre minhas bolas erguerá as bolas as esfregará
depois lavará meu pau:
"ei essa coisa ainda está dura!"
então pegará nos pelos lá embaixo - na barriga,nas costas,no
pescoço,nas pernas,
eu sorrio,sorrio,sorrio,
e então eu a lavarei...
primeiro a buceta
ficarei atrás dela,meu pau entre
sua bunda ensaboarei com gentileza seus
pentelhos, lavarei tudo ali com movimentos sutis, uma demora talvez mais longa que o necessário, então a parte de trás das suas coxas,seu rabo,
as costas,o pescoço,para depois
virá-la,beijá-la, ensaboar os seios,tomando-os e depois a barriga,o pescoço, a parte da frente das pernas,os tornozelos,os pés,
e então a buceta,mais uma
vez,para a boa sorte...
mais um beijo,e ela sairá primeiro, enxugando-se,algumas vezes cantando enquanto eu permaneço lá dentro
abrindo ainda mais a torneira
quente, sentindo a bonança do milagre do amor para só depois sair...isto ocorre normalmente no meio da tarde e tudo está tranquilo, e ao nos vestirmos falamos sobre o que ainda há
para ser feito]mas por estarmos
juntos quase tudo está resolvido,
de fato,tudo está resolvido, e pelo tempo em que essas coisas
estiverem resolvidas na história da mulher e do homem,será diferente para cada um -
para mim,é esplêndido o suficiente para lembrar
superando os exércitos que
marcham os cavalos que cruzam as ruas lá fora superando as memórias da dor e da derrota e da infelicidade:
Linda,você trouxe isso pra mim,
quando me for tirá-lo
faça-o bem devagar e de mansinho faça-o como se eu estivesse morrendo entre sonhos e não de olhos abertos,amém.

Charles Bukowski - Textos
Autobiográficos

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