sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


"[...] sentia vontade de chorar, mas não saia lágrima alguma. era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais. [...]"

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Poema: garotas calmas e limpas em vestidos de algodão

tudo o que eu sempre conheci sempre foram putas, ex-prostitutas,
loucas. vejo homens com mulheres calmas e
gentis - vejo-os nos supermercados,
caminhando juntos na rua,
eu os vejo em seus apartamentos: pessoas em
paz, vivendo juntas. sei que essa paz
é apenas parcial, mas
existe paz, muitas horas e dias de paz.


tudo o que eu sempre conheci foram boleteiras, alcoólatras,
putas, ex-prostitutas, loucas.


quando uma vai
outra vem
pior do que sua antecessora.


vejo tantos homens com garotas calmas e limpas em
vestidos de algodão
garotas com rostos que não são de predadoras ou de
feras.


"nunca traga uma puta junto com você," eu digo para meus
poucos amigos, "eu me apaixonarei por ela."


"você não consegue suportar uma boa mulher, Bukowski."


preciso de uma boa mulher. preciso de uma boa mulher
mais do que da máquina de escrever, mais do que do
meu automóvel, mais do que de
Mozart; preciso tanto de uma boa mulher que posso
senti-la no ar, posso senti-la
na ponta dos dedos, posso ver calçadas construídas
para seus pés caminharem,
posso ver travesseiros para sua cabeça,
posso sentir a expectativa da minha risada,
posso vê-la acariciar um gato,
posso vê-la dormir,
posso ver seus chinelos no chão.


eu sei que ela existe
mas em que parte deste planeta ela está
enquanto as putas continuam me encontrando?

domingo, 11 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Poema: O que podemos fazer?

no fundo, há nobreza na Humanidade.
algum entendimento e, às vezes, atos de
coragem.
mas de modo geral, a Humanidade não parece contar com muito disso.
Isso é como um enorme animal dormindo e quase nada pode fazer com que ele desperte.
quando ativado ele é o melhor em brutalidade, egoísmo, julgamentos injustos, assassinatos.
o que podemos fazer em relação a isso, Humanidade?
nada.
evitar a coisa o quanto for possível
tratá-la como algo venenoso e viciante
mas tenha cuidado. leis foram decretadas para
proteger essas disparidades.
isso pode matar você sem uma causa
e para escapar disso você deve ser sutil.
pois poucos escapam.
você tem que traçar um plano.
nunca conheci alguém que escapasse.
conheci alguns grandes e famosos, porém
eles não escaparam, pois eles se tornaram
grandes e famosos seguidos os passos de grande parte
da Humanidade.
eu não escapei, mas eu não falhei em tentar de novo e sempre.
antes de minha morte, espero conseguir ter de volta o meu viver.


Tradução: Alice Alves

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Poema: o fechar de cortinas

o descer das cortinas de um dos mais longos musicais já feitos, algumas pessoas bradam que já assistiram-no uma centena de vezes.
eu o vi na jornal da tv, aquele fechar de cortinas:
flores, lágrimas, gritos, um estrondoso elogio.
eu não vi esse musical
mas tenho certeza que não suportaria ver algo que, com certeza,
me faria adoecer.
creia no que vou te falar, o mundo e suas pessoas com seus
engenhosos espetáculos tem feito pouco por mim, apenas para mim.
deixa-as aproveitar mais um show, isso as deixará
longe de mim e assim, vai aqui meu meu estrondoso
elogio.


Tradução: Alice Dias
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