sábado, 26 de novembro de 2011

Poema: como uma flor na chuva

cortei a unha do dedo médio
da mão
direita
realmente curta
e comecei a correr o dedo ao longo de sua boceta
enquanto ela se sentava muito ereta na cama
espalhando uma loção por seus braços
face
e seios
depois do banho.
então acendeu um cigarro:
"não deixe que isso o desanime",
e seguiu fumando e esfregando a
loção.
continuei tocando sua boceta.
"quer uma maçã?", perguntei.
"claro", ela disse, "tem uma aí?"
mas eu lhe dei outra coisa...
ela começou a se contorcer
e depois rolou para um lado,
ela estava ficando molhada e aberta
como uma flor na chuva.
então ela se voltou sobre a barriga
e seu cu maravilhoso
olhou para mim
e eu passei minha mão por baixo e
cheguei outra vez na boceta.
ela se espichou e agarrou meu
pau, virando-se e se contorcendo toda,
penetrei-a4meu rosto mergulhado na massa
de cabelos ruivos que se alastrava feito enchente
de sua cabeça
e meu pau intumescido adentrou
o milagre.
mais tarde tiramos sarro da loção
e do cigarro e da maçã.
depois eu saí para comprar um pouco de frango
e camarão e batatas fritas e pão doce
e purê de batatas e molho e
salada de repolho, e nós comemos. ela me disse
quão bem ela se sentia e eu lhe disse
o quão bem eu me sentia e nós comemos
o frango e o camarão e as batatas fritas e o pão doce
e o purê de batatas e o molho e
também a salada de repolho.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


"Não existe nada tão chato como a verdade. É isso que as pessoas querem: mentiras, mentiras maravilhosas."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Poema: quando me penso morto

quando me penso morto
penso em automóveis estacionados
nas vagas

quando me penso morto
penso em panelas de fritura

quando me penso morto
penso em alguém fazendo amor com você
quando não estou por perto

quando me penso morto
respiro com dificuldade

quando me penso morto
penso em todas as pessoas que esperam pela morte

quando me penso morto
penso que nunca mais poderei beber água

quando me penso morto
o ar fica completamente puro

as baratas na minha cozinha
tremem

e alguém terá que jogar
fora minhas cuecas limpas e
sujas


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

Poema: a música suave

a música suave

vence o amor porque nela não há
feridas: pela manhã
a mulher liga o rádio, Brahms ou Ives
ou Stravinsky ou Mozart. ferve os
ovos contando em voz alta os segundos: 56,
57, 58... descansa os ovos, os traz
para mim na cama. depois do café da manhã é
a mesma cadeira e ouvir a música
clássica. A mulher está no seu primeiro copo de
scotch e no seu terceiro cigarro. digo-lhe
que preciso ir ao hipódromo. ela
está aqui há 2 noites e 2 dias. "quando
voltarei a vê-la?" pergunto. ela
sugere que fique a meu critério.
aceno com a cabeça e Mozart toca.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter: @blogbukowski

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Bukowski no Twitter

@blogbukowski
Atualmente o blog Velho Bukowski é o mais atualizado e rico em material em português. Este é o twitter oficial deste blog. Cada post novo é anuciado lá.


@BukowskiDiz
As frases mais célebres do velho safado são lá postadas. Atualizado quase que diariamente.


@OBukowski
"sei pintar, inclusive. levantar pesos. e a minha filhinha pensa que sou Deus. mas tem outras horas em que não vale a pena."


@BukowskiCitou
'Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura.'

Poema: você

você é uma fera, ela disse
sua enorme barriga branca
e seus pés cabeludos.
você jamais corta as unhas
e tem mãos gordas
como as patas de um gato
seu nariz vermelho e brilhante
e os maiores bagos que
eu já vi.
você lança esperma como
uma baleia lança água pelo
buraco das costas.

fera, fera, fera,
ela me beijou,
o que você quer para o
café da manhã?

Twitter: @blogbukowski

Poema: Sandra

é alta e magra
donzela do quarto
de brincos
coberta por um longo
vestido

está sempre alta
em sapatos de salto
espírito
boletas
trago

Sandra se inclina
em sua cadeira
inclina-se em direção a
Glendale

aguardo que sua cabeça
bata na maçaneta
do guarda-roupa
enquanto ela tenta
acender
um novo cigarro num
outro já quase
consumido

aos 32 ela gosta de
jovens limpos
imaculados
com rostos semelhantes ao fundo
de pires recém-comprados

depois de se vangloriar
a não mais poder
acabou me trazendo seus prêmios
para que eu desse uma olhada:
garotos nulos, loiros e silenciosos
que
a) sentam
b) levantam
c) falam
ao seu comando

às vezes ela traz um
às vezes dois
às vezes três
para que eu os
veja

Sandra fica muito bem em
vestidos longos
Sandra pode partir provavelmente
o coração de um homem

espero que ela encontre
um.


Tradução: Pedro Gonzaga
Twitter Blog Bukowski: @blogbukowski

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Poema: a geração perdida

tava lendo um livro sobre uma literata rica
dos anos vinte e seu marido que
beberam, comeram e farrearam por toda a
Europa
encontrando Pound, Picasso, A. Huxley, Lawrence, Joyce,
F. Scott, Hemingway, muitos
outros;
os famosos eram como brinquedinhos preciosos para
eles,
e pelo que li
os famosos se permitiram tornar
brinquedinhos preciosos.
durante o livro inteiro
esperei pra que só um dos famosos
falasse a essa literata rica e seu
marido literato rico pra
que se mandassem
mas, aparentemente, nenhum deles o
fez.
Em vez disso foram fotografados com a moça
e seu marido
em várias praias
com cara de inteligente
como se tudo isso fosse parte do ato
da Arte.
talvez a mulher e o marido
serem donos de uma imprensa chique
tivesse algo a ver
com isso.
e foram todos fotografados juntos
em festas
ou do lado de fora da livraria da Sylvia Beach.
é verdade que muitos deles foram
artistas ótimos e/ou originais,
mas tudo parecia um negócio tão precioso
esnobe,
e o marido finalmente cometeu seu
tão ameaçado suicídio
e a mulher publicou um de meus primeiros
contos nos anos
40 e agora
já morreu, mas
eu não consigo perdoar nenhum dos dois
por suas vidas ricas idiotas
e não consigo perdoar seus brinquedinhos preciosos
também
por terem sido
isso.

Tradução: Adriano Scandolara

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

"Crazy Love" com entrada franca em Porto Alegre

Charles Bukowski jamais poderia imaginar que uma das mais fiéis adaptações de sua obra para o cinema nasceria das mãos de um diretor belga. Pois foi exatamente o que aconteceu com “Crazy Love”. Realizado em 1987, “Crazy Love” é o primeiro longa-metragem de Dominique Deruddere, diretor que ficou conhecido mundialmente ao ser indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2001, por “Fama para Todos”.

Inspirado em diversos contos de Bukowski, principalmente “A Sereia que Copulava em Veneza, Califórnia”, do livro “Crônica de um amor louco“, a trama se desenrola através de três momentos da vida do trágico e patético personagem Harry Voss e sua incessante busca por amor e aceitação: da adolescência conturbada até um homem amargo e solitário.

Apesar de ser falado em francês, “Crazy Love” é considerado pelos fãs de Bukowski como sendo uma das mais fiéis adaptações do universo de desesperança e degradação criado pelo velho Buk.

Se você estiver em Porto Alegre e ainda não arrumou programa para amanhã à noite, o projeto Filmes Raros da Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro, 3º andar) vai exibir “Crazy Love” nesta sexta-feira, 04 de novembro, às 20 horas com entrada franca! A duração do filme é de 90 minutos.

Abaixo, um trecho do filme para você sentir do clima “Bukowskiano”:

Fonte: L&PM Blog

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