quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Poema 'como uma flor na chuva'

"cortei a unha do dedo médio
da mão direita
realmente curta
e comecei a correr o dedo ao longo de sua buceta
enquanto ela se sentava muito ereta na cama
espalhando uma loção por seus braços
face
e seios
depois do banho.
então acendeu um cigarro:
"não deixe que isso o desanime",
e seguiu fumando e esfregando a
loção.
continuei tocando sua buceta.
"quer uma maçã?", perguntei.
"claro", ela disse, "tem uma aí?"
mas eu lhe dei outra coisa...
ela começou a se contorcer
e depois rolou para um lado,
ela estava ficando molhada e aberta
como uma flor na chuva.
então ela se voltou sobre a barriga
e seu cu maravilhoso
olhou para mim
e eu passei minha mão por baixo e
cheguei outra vez na buceta.
ela se espichou e agarrou meu
pau, virando-se e se contorcendo toda,
penetrei-a
meu rosto mergulhando na massa
de cabelos ruivos que se alastrava feito enchente
de sua cabeça
e meu pau intumescido adentrou
o milagre.
mais tarde tiramos sarro da loção
e do cigarro e da maçã.
depois eu saí para comprar um pouco de frango
e camarão e batatas fritas e pão doce
e purê de batatas e molho e
salada de repolho, e nós comemos. ela me disse
quão bem ela se sentia e eu lhe disse
o quão bem eu me sentia e nós comemos
o frango e o camarão e as batatas fritas e o pão doce
e o purê de batatas e o molho e
também a salada de repolho."

- Charles Bukowski

sábado, 26 de janeiro de 2013

Concurso 'A Coleção Mais Curtida'!

Olá pessoal, criamos em nossa página um concurso que irá premiar o vencedor com uma caneca do velho Bukowski!


Para saber como participar entre AQUI.

Abraços,
Equipe Velho Bukowski.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Bortolotto e Bukowski se fundem no palco



Para Mário Bortolotto, atuar é encontrar um discurso próprio por meio da fala de um personagem.

Em "Mulheres", sua adaptação para o livro homônimo de Charles Bukowski (1920-1994), que estreia nesta quarta-feira (16), a identificação com o protagonista é tão explícita que o artista chega a se confundir com o papel que interpreta.

Os escritores norte-americanos Jack Kerouac (1922-1969) e Bukowski são referência na vida de Bortolotto. São também influências assumidas nos 30 anos de trabalho de seu grupo Cemitério de Automóveis, pelos personagens tão marginais quanto boêmios e pelos diálogos diretos e enxutos.



"Encontrei neles uma família", diz à Folha o ator, autor e diretor de 50 anos.
Aos 17 anos, após ser expulso do seminário, os dias de Bortolotto se dividiam entre partidas de futebol, noitadas em bares e tardes inteiras de leituras na biblioteca de Londrina, cidade onde nasceu.

Após se debruçar sobre a obra completa de Ernest Hemingway (1899-1961) e Henry Miller (1891-1980), entre outros escritores, Bortolotto descobriu Kerouac e Bukowski.

"Me surpreendi ao perceber que mesmo sem saber eles já eram uma influência para mim, e também que passava os dias como eles, escrevendo, bebendo e muitas vezes passando fome", conta.

Em "Kerouac", solo de 2006 dirigido por Fauzi Arap, Bortolotto já interpretou o escritor. Bukowski havia sido homenageado por ele em outo espetáculo, "Feliz Natal, Charles Bukowski", de 2003.

VAZIO EXISTENCIAL
A possibilidade de interpretá-lo surgiu agora com "Mulheres", peça dirigida por Fernanda D'Umbra, parceira de Bortolotto no Cemitério de Automóveis de 1997 a 2007.

Danielle Cabral, produtora e uma das nove intérpretes do espetáculo, adquiriu os direitos de "Mulheres" e resolveu convidar Bortolotto para protagonizar a montagem, além de realizar sua adaptação teatral.

"Nunca tinha montado nada de Bukowski simplesmente por imaginar que seria inviável financeiramente", conta Bortolotto.

Henry Chinaski, o protagonista de "Mulheres", é alter ego de seu criador.

"Na verdade é o próprio Bukowski. Na obra dele, ficção e biografia se confundem", explica Bortolotto.

A trama retrata a virada na vida de Henry Chinaski, escritor que ganha fama aos 54 anos. Com o sucesso inesperado, as mulheres começam a aparecer em sua vida.

O excesso de opção sexual, contudo, se revela mais complicado do que a escassez e evidencia um vazio existencial ainda mais sofrido.

"Muito mais do que uma história de aventuras sexuais, 'Mulheres' é um tratado sobre a solidão do homem", acredita Bortolotto.

MULHERES
QUANDO qua. a sáb., às 21h30; dom., às 20h30; até 10/2
ONDE Teatro Cemitério de Automóveis (r. Frei Caneca, 384; tel. 0/xx/11/2371-5783)
QUANTO contribuição voluntária
CLASSIFICAÇÃO 16 anos

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1215227-bortolotto-e-bukowski-se-fundem-no-palco.shtml

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

câncer - Poema sobre a morte de sua mãe


'câncer' - Poema sobre a morte da mãe de Charles Bukowski:

'encontrei seu quarto no alto de uma
escada.
ela estava sozinha.
"olá Henry", ela disse, e depois,
"você sabe, eu odeio esse quarto, ele não
tem janelas."

eu estava com uma ressaca daquelas.
o cheiro era insuportável,
sentia-me prestes a
vomitar.

"eles me operaram dois dias atrás",
ela disse. "me senti melhor no dia
seguinte, mas agora está tudo igual a antes, talvez até
pior."

"sinto muito, mãe."

"sabe, você estava certo, seu pai
é um homem terrível."

pobre mulher. um marido brutal e
um filho alcoólatra.

"me desculpe, mãe, eu volto
logo..."

o cheiro havia me impregnado,
meu estômago pulava.
saí do quarto
e desci metade do lance de escadas,
me sentei ali
agarrado ao corrimão,
respirando o ar
puro.

a pobre mulher.

segui respirando e
mantendo o controle para não
vomitar.

me levantei e voltei a subir os
degraus em direção ao quarto.

"ele tinha me mandado para um
hospício, você
sabia?"

"sim. eu informei a eles
que tinham pegado a pessoa
errada."

"você parece doente, Henry, está tudo bem
contigo?"

"não estou num bom dia, mãe. Volto
para ver você
amanhã."

"tudo bem, Henry..."

fiquei de pé, fechei a porta, em seguida
desci a escada.
ganhei a rua, cheguei a um
roseiral.

soltei tudo sobre o
roseiral.

pobre e desgraçada mulher...

no dia seguinte cheguei com
flores.
subi a escada até a
porta.

havia uma guirlanda na
porta.
tentei abrir a porta mesmo assim.
estava trancada.

desci os degraus
cruzei as roseiras e seu jardim
e cheguei à rua
onde havia estacionado meu
carro.

duas garotinhas
entre 6 e 7 anos
voltavam da escola para casa.

"desculpem-me, senhoritas, mas vocês
gostariam de ganhar umas flores?"

elas pararam e me
encararam.
"tome", estiquei o buquê à mais alta
das garotas. "agora, vocês
dividam, por favor, dê para sua amiguinha
a metade delas."

"obrigada", disse a mais
alta, "elas são
lindas."

"sim, são mesmo", disse a
outra, "muito
obrigada."

elas se afastaram descendo a rua
e eu entrei no meu carro,
dei a partida, e
dirigi de volta para o meu
canto.'

- Charles Bukowski, em 'Textos autobiográficos'
- VelhoBukowski.com

sábado, 19 de janeiro de 2013

Poema 'Nirvana' legendado

Bom dia,

Hoje trazemos o poema 'Nirvana' de Charles Bukowski narrado por Tom Waits e legendado pelo grupo Velho Bukowski.

Acompanhe o vídeo!



sem grandes chances,
completamente desprovido
de proprósito,
ele era um jovem
seguindo de ônibus
cruzando a Carolina do Norte
em direção a
alguma parte
e então começou a nevar
e o ônibus parou
num pequeno café
nas montanhas
e os passageiros
ali entraram.

sentou junto ao balcão
com os outros,
fez o pedido e a
comida chegou.
a refeição estava
especialmente gostosa
assim como o café.

a garçonete era
diferente das mulheres
que ele
conhecera.
não era afetada,
sentia que dela
emanava um humor
natural.
a frigideira dizia
coisas malucas.
a pia,
logo atrás,
ria, uma risada
boa
limpa e
prazenteira.

o jovem assistiu
à neve cair através da
janela.

queria ficar
naquele café
para sempre.

um sentimento curioso
perpassou-o por completo
de que tudo
era
lindo
ali,
de que sempre seria
maravilhoso ficar
por ali.

então o motorista do ônibus
disse aos passageiros
que era hora de
partir.

o jovem pensou,
ficarei sentado
aqui, apenas ficarei onde
estou.

mas então
ele se ergueu e seguiu
os outros até o
ônibus.

encontrou seu assento
e olhou para o café
através da janela do
ônibus.
então a partida do
veículo, logo uma curva,
em declive, afastando-se
das montanhas.

o jovem
olhou diretamente
para frente.
ouviu os outros
passageiros
falando de outras coisas,
ou então eles
liam
ou
tentavam
dormir.

não haviam
percebido
a
mágica.

o jovem
virou a cabeça para
o lado,
fechou os
olhos,
fingiu
dormir.
não havia mais nada
a fazer -
apenas escutar
o som do
motor,
o som dos
pneus
sobre a
neve.


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