quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Poema: Uma assassina
boca fedorenta
podre por dentro e
um corpo quase perfeito,
uma longa e luminosa cabeleira loira -
que confunde a mim
e aos outros
ela segue de homem em homem
oferecendo carícias
ela fala de amor
então submete os homens
à sua vontade
boca fedorenta
podre por dentro
vemos isso tarde demais:
depois que o pau é engolido
o coração vai atrás
sua longa e luminosa cabeleira
seu corpo quase perfeito
caminha pela rua
debaixo do mesmo sol
que banha as flores.
Poema: Ela saiu do banheiro com sua cabeleira ruiva flamejante e disse...
Os policiais querem que eu vá até lá e identifique
um cara que tentou me estuprar.
perdi outra vez a chave do meu carro; tenho
a que abre a porta, mas não a que dá a partida na
ignição.
essas pessoas estão tentando tirar minha filha de mim,
mas eu não vou deixar.
Rochelle quase tomou uma overdose, então foi até o
Harry com um bagulho, e ele a pegou de jeito.
ela teve as costelas fissuradas, você sabe,
e uma delas lhe perfurou o pulmão. Ela
está no hospital conectada a uma máquina.
onde está meu pente?
o seu está sempre imundo.
eu lhe disse,
eu não vi o seu
pente.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Charles Bukowski Tapes - Número #15
Neste vídeo ele lê seu famoso poema, 'O Homem ao Piano".
Legendas: @Roaneken
Blog Velho Bukowski
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Poema: sentado numa lancheira
das glórias.
comíamos um lanche
para viagem em meu carro
em Santa Mônica.
eu digo, “ei, filham
minha vida tem sido
boa, tão boa”.
ela me olha.
baixo minha cabeça
contra o volante,
tremo, depois
abro a porta de supetão,
finjo
vomitar.
me endireito.
ela ri
mordendo eu
sanduíche.
pego quatro
batatas fritas
coloco-as em minha boca,
mastigo-as.
são 5h30 da tarde
e os carros passam voando por nós
pra lá e pra cá.
lanço um olhar furtivo:
tivemos toda a sorte de que precisamos:
seus olhos brilham
enquanto o dia
cai, e ela está
sorrindo.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Charles Bukowski Tapes - Número #14
Segue o 14º vídeo legendado do Charles Bukowski Tapes.
Quero agradecer a todos que estão seguindo e/ou comentando.
Abraços.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Poema: isto então...
ou que da outra vez
ou da vez anterior a essa.
eis um pau
e eis uma boceta
e eis um problema.
e cada vez
você pensa
bem eu aprendi desta vez:
vou dizer a ela que faça isso
e eu farei isto,
já não quero a coisa toda,
só um pouco de conforto
e um pouco de sexo
e apenas um mínimo de
amor.
agora novamente espero
e os anos vão escasseando.
tenho meu rádio
e as paredes da cozinha
são amarelas.
sigo esvaziando as garrafas
à espera
dos passos.
espero que a morte reserve
menos do que isto.
Blog Velho Bukowski
@Roaneken
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Vídeo: 'A Tragédia das Folhas'
A Tragédia das Folhas
The Tragedy of the Leaves
acordei numa secura e as samambaias, mortas,
I awakened to dryness and the ferns were dead,
nos potes as plantas amarelas igual milho;
the potted plants yellow as corn;
minha mulher foi embora
my woman was gone
e as garrafas vazias iguais corpos sangrados
and the empty bottles like bled corpses
ao meu redor sem utilidade;
surrounded me with their uselessness;
o sol ainda era bom, apesar disso,
the sun was still good, though,
e o bilhete da senhoria ia bem e
and my landlady's note cracked in fine and
num tom amarelado sem demandas;
undemanding yellowness;
o que era preciso agora
what was needed now
era um bom comediante, estilo antigo, um bobo
was a good comedian, ancient style, a jester
com piadas sobre a dor absurda; a dor é absurda
with jokes upon absurd pain; pain is absurd
porque existe, nada mais;
because it exists, nothing more;
fiz a barba cuidadosamente com
I shaved carefully with
uma velha lâmina,
an old razor,
o homem que já foi jovem e
the man who had once been young and
que diziam ser genial; mas
said to have genius; but
essa é a tragédia das folhas,
that's the tragedy of the leaves,
das samambaias mortas,
the dead ferns,
das plantas mortas;
the dead plants;
e eu entrei num corredor escuro
and I walked into a dark hall
onde a senhoria de pé esperava,
where the landlady stood
malcriada e terminal,
execrating and final,
me mandando pro inferno,
sending me to hell,
balançando seus braços gordos e suados
waving her fat, sweaty arms
e gritando
and screaming
gritando para receber o aluguel
screaming for rent
por que o mundo havia falhado com nós
because the world has failed us
dois
both
Charles Bukowski Tapes - Número #13
Abraços. Não esqueçam de seguir o blog.
domingo, 11 de setembro de 2011
Poema: o jeito que isso é
sozinho.
e você nunca pode dizer
a ninguém que
você está no inferno
ou eles vão pensar
que você está
louco.
mas ser louco é
estar no inferno
e ser sensato
também.
aqueles que escapam do inferno
nunca falam sobre
isso
e nada mais
incomoda eles
depois
disso.
Quero dizer, coisas como
falta de uma refeição,
ir para a cadeia,
bater seu carro
ou
mesmo
morrer.
quando você perguntar-lhes,
"como as coisas estão
indo? "
eles vão responder: "bem,
muito bem ... "
uma vez que você foi para o inferno
uma vez que você foi para o inferno
e voltou,
você não olha para trás
quando o chão
range.
o sol está no alto a
meia-noite
e coisas como
os olhos de ratos
ou um velho pneu
em um terreno baldio
pode torná-lo
feliz.
uma vez que você foi para o inferno
e voltou.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Charles Bukowski Tapes - Número #12
Sinto pela demora... mas a culpa foi do Youtube.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Charles Bukowski Tapes - Número #11
Abraços.
Poema: Dormir
estava gorda, mas antes era
bela e
vinho, ela bebia
bebia vinho na cama
falando, gritando e me
amaldiçoando
eu me virava para ela e dizia
por favor, me deixe
dormir.
— dormir? dormir? sim seu
filho da puta, sim, você nunca dorme,
você não precisa de
dormir!
enterrei-a numa certa manhã
carreguei-a pelas montanhas de Hollywood
arbustos, coelhos e pedras
passando em minha frente
cavei um buraco
enterrei-a de barriga
para baixo
e
coloquei a sujeira de volta no carro
o sol já havia nascido
um calor
estava me invadindo
as moscas zanzando preguiçosamente
eu não conseguia enxergar um palmo
sequer em
minha frente
tudo estava
amarelo e quente.
dirigi de volta para casa e me joguei na cama
dormi por 5 dias e 4
noites.
Tradução: Alice Dias
sábado, 3 de setembro de 2011
Chinaski - a escultura de Bukowski
Pois bem, procrastinando na internet, encontrei uma escultura feita pelas mãos do próprio velho.
Essa imagem foi encontrada aqui. Parece uma espécie de exposição, e o dono das fotografias não disponibilizou nenhuma informação sobre as benditas, logo, não sei onde se encontram estas esculturas.
A arte foi entitulada como "Chinaski" --- podemos entender como o velho enxergava seu alter ego...
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Linda King - 'Lydia Vance'
Como sabemos a obra de Bukowski é altamente autobiográfica, e é de se esperar que a, tão marcante, personagem Lydia Vance provavelmente tivesse sido baseada numa mulher real. Pois foi bem isso que aconteceu. Lydia Vance é uma personagem baseada na poetisa americana Linda King.
Linda King é uma poeta, dramaturga, e artista trabalhando em pinturas e esculturas. Foi imortalizada na poesia e na prosa de seu ex-amor Charles Bukowski. Durante a década de 1970, King editou a pequena revista Purr.
Nascida em 1940, ela foi criada em Boulder, Utah. Ela se divorciou após 10 anos de casamento com um italiano que tinha perspectivas tradicionais. Tiveram dois filhos, um menino e uma menina. Ela foi atriz antes de tornar-se escultora e poeta. Se os escritos de Bukowski possuírem veracidade, Linda King tinha um enorme ego e um surpreendente dom para dramatização.
Relacionamento com Bukowski
Em 1970, logo após o término do seu casamento, ela conheceu o velho Bukowski, e se ofereceu para fazer uma escultura de sua cabeça. Ele aceitou sua oferta e logo tiveram um caso. (O casal se separou várias vezes, e cada vez que eles terminavam, Bukowski deixava o busto na frente da casa de Linda.)
Ela tinha 30 anos e Bukowski era 20 anos mais velho que ela quando começaram sua relação. O relacionamento deles era apaixonado e trubulento; numa ocasião em 1971, Bukowski quebrou seu nariz numa briga. Certa noite, King e Bukowski foram acomodados no apartamento City Lights, em San Francisco, após uma leitura no City Lights Poets Theater. Pela manhã, havia uma janela quebrada e Linda King tinha desaparecido; Bukowski a culpava pelo dano.
Eles se separaram após três anos, quando certa noite, King jogou a máquina de escrever e os livros de Bukowski no meio da rua, irritada com as infidelidades dele. O incidente é detalhado no romance ‘Mulheres’.
Em 1975 ela finalmente deixou Los Angeles e Bukowski e foi para Phoenix, por causa do que ela descreveu como “um entendido colapso nervoso”.
No livro Mulheres, Bukowski caracterizou Linda King como extremamente competitiva e castigada pela sua crescente fama.
Após Bukowski
Ela se casou novamente e teve um segundo garoto, porém o casamento terminou em divórcio. Vendeu suas esculturas e alguns de seus poemas foram publicados.
Em 2004, a galeria de arte The Paper Heart apresentou suas pinturas, bustos e poemas, juntamente com documentários sobre Bukowski, em um show, Friends and Foes of Charles Bukowski.
Em 2009, ela vendeu 60 cartas de amor escritas por Bukowski por 69 mil dólares num leilão na galeria San Francisco PBA Galleries. Nesse mesmo ano, a fim de estar mais próxima de seus netos, ela se mudou de Phoenix para um apartamento em San Fransisco. Em setembro de 2009, ela foi uma dos três poetas na apresentação Tales of Bukowski.
Além da cabeça de Bukowski, King também esculpiu bustos de Lawrence Ferlinghetti, Jack Micheline, Harold Norse, e A.D. Winans.
Recentemente, uma das peças que escreveu (Singing Bullets) foi encenada no instituto Phoenix Metro Arts Institute.
Se você estiver interessado, pode conhecer mais sobre Linda King visitando seu site oficial: http://www.lindakingarts.com/
Texto: Rafael Roan
Blog Velho Bukowski